Os Três Reis Magos
Gaspar veio das bandas do Jurani
Tinha os cabelos louros e os olhos azuis
O rosto cheio de sardas, o nariz arrebitado
Montava uma motocicleta de sonhos
Ultrapassava todos os carros
Na avenida Transamazônica
Ouvira sua mãe dizer
Que Jesus nasceria naquela noite
E que uma grande estrela pendurada no céu
Apontava para o lugar do prodígio
Gaspar montava sua motocicleta de sonhos
E voava no rumo da grande estrela
Melchior morava ao pé do morro do Leme
Tinha o moreno afogueado dos caboclos do Brasil
Cabelos lisos e corridos
Olhos ardentes, corpo desnutrido
Montava um cavalo de talo de carnaúba
E viu a grande estrela
Na direção da grande praça
Perguntou a uma mulher que passava a seu lado
E soube que nascera o Salvador
E que haveria presentes para as crianças
Aumentou o galope de seu cavalo de pau
Baltazar desceu do alto do Rosário
Negrinho como a noite
Vinha chutando uma lata sobre os lajedos
Com o pé saído dos murais de Portinari
Viu também a estrela
Que parecia pairar sobre o largo da Matriz
E quis saber o que era...
Foi Jesus que nasceu!—uma voz disse ao lado
Ele montou num carneiro que passava
E atravessou a ponte do riacho da Pouca Vergonha
E Gaspar
E Melchior
E Baltazar
Chegaram juntos na grande praça
A estrela estava sobre a torre da matriz
E as freiras distribuíam presentes aos meninos pobres
Mas já estava no fim
Cada um ganhou apenas um saquinho de bombons
E saíram pulando
Chupando os confeitos
Foram visitar os presepes
Entraram numa casa
Onde havia um muito bonito
Todo enfeitado de ramos verdes
Bolas coloridas e bichinhos de matéria plástica
Sobre a areia da mesa
No centro o Menino-Deus
Deitado sobre o bercinho de palha
Em volta, José, Maria, os pastores
E Gaspar
E Melchior
E Baltazar
Ficaram parados em redor do presepe
Admirando tanto bichinho bonito...
Gaspar roubou em elefante
Melchior roubou uma vaquinha
E Baltazar roubou o galo
Que estava empoleirado num ramo de alecrim
Saíram de mansinho
Sem que ninguém notasse
A não ser o menino-Jesus de barro
Que do berço sorriu seu mais belo sorriso
Extraído do livro “Horas sem tempo”, (1999) de José Expedito Rêgo
E que todas voces sintam o abraço de Jesus,
é bem quentinho e gostoso.
Ana mineira
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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Nossa me fez lembrar das Festas de Reis que meu Tio fazia aí em Minas e ele era festeiro...Ai que delícia a macarronada com frango para as Folias!!!Puxa que saudade!!!
ResponderExcluirBjs
Zu
oi amiga! que lindo presépio - adorei o texto - a poesia -contada de uma maneira bem especial!
ResponderExcluirbom Natal prá ti também!
bjs
lú
Olá, sumida
ResponderExcluirEncantador! Adorei!
Um beijo no seu ♥
Lindo poema!
ResponderExcluirque bom ver vc de novo!
Já estava com sodade.
Bjs.
OI Ana, linda esta poesia, resume muito bem o clima que precisamos buscar para o Natal! As pessoas se preocupam tanto em enfeitar a mesa, a casa, comprar presentes, e muitas das vezes, esquecem de deixar o próprio aniversariante entrar na festa!
ResponderExcluirOlha, esta semana estou entrando em férias, e como não tenho internet em casa o blog entra em off também. Assim, desde já, estou lhe desejando um Natal cheio de paz e harmonia. E que o ano novo venha repleto de muita saúde e boas realizações! Beijocas
Olha eu de novo,
ResponderExcluirvim desejar um feliz Natal e um ano novo cheio de realizações para vc e toda sua família.
Bjs.
Ai que abraço quentinho e gostoso...adorei!
ResponderExcluirReceba meu abraço, e Feliz Natal!
Oi minha querida amiga, como foi de festanças de fim de ano?
ResponderExcluirQuero desejar a vc um 2010 especialmente brilhante, repleto de coisas maravilhosas, muita paz, saúde, amor e prosperidade e que Deus te abençoe a cada novo dia desse novo ano que se inicia!
Beijoca bem grandona =]